O círculo próximo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) trabalha com a previsão de que seu julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF) seja concluído até setembro, o que poderia levá-lo à prisão já em 2025, segundo apuração da CNN. Diante desse cenário, os aliados avaliaram uma estratégia de denúncia internacional, semelhante à utilizada pela defesa do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que levou seu caso a organismos internacionais para questionar o que considerou um julgamento injusto.
Nos bastidores, os bolsonaristas classificaram o andamento do processo como um verdadeiro “massacre” promovido pelo STF. Segundo interlocutores do ex-presidente, já se esperava que o julgamento fosse conduzido com rapidez, mas a velocidade e os procedimentos adotados são vistos como uma falta de discrição por parte da Corte.
Acusações de Aceleração do Processo
Entre os pontos levantados como pedidos de uma tramitação acelerada e atípica, aliados de Bolsonaro citam:
- A denúncia foi apresentada em uma quarta-feira à noite, e Bolsonaro foi citado já na tarde do dia seguinte;
- O ministro Alexandre de Moraes, relator do caso, liberou o processo para julgamento no mesmo dia em que a Procuradoria-Geral da República (PGR) devolveu os autos;
- O ministro Cristiano Zanin agendou o julgamento do julgamento da denúncia no mesmo dia da liberação;
- Os autos foram remetidos novamente à PGR imediatamente após as últimas defesas sendo apresentadas.
Para o grupo de apoio do ex-presidente esses acontecimentos demonstram um ritmo incomum dentro do STF, surpreendendo até o próprio Bolsonaro, que já esperava uma tramitação rápida, mas não nessa intensidade.
Comparação com o Caso do Mensalão
Os bolsonaristas também compararam a situação atual com o julgamento do Mensalão, que integra membros do Partido dos Trabalhadores (PT). No caso petista, houve um intervalo de sete anos entre a denúncia da PGR, em 2007, e a conclusão do julgamento, em 2014.
Já no caso de Bolsonaro, a denúncia foi apresentada em fevereiro de 2024 e pode resultar em sua prisão em apenas oito meses, evidenciando, segundo seus aliados, um tratamento diferenciado em comparação a outros processos.
Possível Giro Internacional
Diante desse contexto, o ambiente de Bolsonaro cogita realizar um giro internacional para denunciar o julgamento, estratégia semelhante à empregada pelo advogado Cristiano Zanin em defesa de Lula. Em 2016, Zanin liderou o caso do petista ao Comitê de Direitos Humanos da ONU, em Genebra, argumentando que o então juiz Sergio Moro e os procuradores da Lava Jato promoveram uma “cruzada” contra Lula. Em 2022, o comitê reuniu que houve irregularidades no processo.
Aliados de Bolsonaro acreditam que uma mobilização semelhante pode ser uma forma de questionar a condução do julgamento e pressão internacionalmente o STF.
Risco de Convulsão Social e Possível Anistia
Fontes próximas ao ex-presidente alertaram que a velocidade do julgamento pode gerar instabilidade social, uma possibilidade que, segundo eles, estariam sendo ignoradas pelo STF.
A avaliação no núcleo bolsonarista é que o governo Lula enfrentou um momento delicado, com popularidade em baixa, enquanto pesquisas indicam que Bolsonaro ainda liderou os interesses de voto para 2026.
Além disso, os aliados acreditam que há votos suficientes no Congresso para aprovar uma anistia não apenas para os investigados pelos atos de 8 de janeiro, mas também para o próprio Bolsonaro. Nesse sentido, as decisões do STF, ao acelerar o julgamento, podem estar desconsiderando um possível clamor social por anistia.
Procurado pela CNN, o Supremo Tribunal Federal não se pronunciou sobre o caso.
Com informações da CNN