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Colírio inovador custa R$ 3 milhões por ano é utilizado para devolver visão para jovem com doença rara

A principal característica da epidermólise bolhosa é deixar a pele tão frágil que ela se rompe ao menor toque. A esperança é de que o medicamento seja utilizado para o tratamento de outras doenças.

O Fantástico do último domingo (17) mostra a história de Antonio, um jovem cubano com uma condição genética rara que recuperou a visão após o uso de um colírio genético criado especialmente para ele.

Por causa da condição, Antonio faz um tratamento em Miami, nos Estados Unidos, desde os quatro anos de idade. Em 2017, aos oito anos, ele começou a ser tratado pelo oftalmologista espanhol Alfonso Sabater, que conversou com o Fantástico sobre o método inovador de tratamento.

Ele tinha o corpo basicamente coberto. Tinha úlceras em toda a pele, no rosto, nos braços”, relembra o médico.
Ao todo, calcula-se que 500 mil pessoas em todo o mundo tenham a doença, mas só em casos mais graves a visão é afetada.

Na primeira tentativa de tratar os olhos, o médico fez cirurgias para retirar as cicatrizes que cobriam as córneas de Antônio e que não o deixavam enxergar. No entanto, dois meses depois elas voltaram.

Foram anos buscando uma solução, até a mãe informar que o jovem estava recebendo um tratamento genético para a pele. “Eu pensei: essa pode ser a solução para os olhos dele”, diz o médico.

Com isso, o remédio para pele foi adaptado para ser usado como colírio. Foi preciso mais de um ano para a agência reguladora dos Estados Unidos aprovar o tratamento experimental exclusivo para Antonio. E o custo é muito alto: cerca de R$ 3 milhões por ano, mas o fabricante forneceu o remédio de graça para o menino.

TRATAMENTO

A aplicação começou no olho direito de Antonio, após mais uma cirurgia para a retirada das cicatrizes. O resultado foi considerado incrível.

O remédio genético contém um vírus que é desativado e aplicado nos olhos. Ele insere nas células da córnea uma proteína que o corpo de Antonio não fabrica, chamada colágeno sete.

A terapia introduz as instruções genéticas para que a célula produza a proteína que o paciente não produz. Mas quando essa célula morre, outra nasce e é preciso administrar o tratamento novamente. Por isso, Antonio tem que ir ao hospital toda semana para receber o colírio.

Ele enxerga perfeitamente bem. Se ele pudesse andar e usar as mãos, poderia tirar a carteira de motorista aqui na Flórida com a visão que ele tem”, conta Sabater.

O médico acredita que a experiência pode ser base para o desenvolvimento de terapias similares para outras doenças genéticas que afetam a visão, como a distrofia de Fuchs, uma doença genética que afeta a córnea e é responsável por 50% dos transplantes de córnea nos EUA.

“É uma grande mudança. Visão quase perfeita, é impressionante. O tratamento foi um êxito e o olho esquerdo também está melhorando. Quando eu jogava Minecraft e precisava achar os materiais para fazer construções, eu não enxergava. Tinha que chegar perto da tela para poder ver. Agora, posso ver os objetos pequenos”, comemora Antonio.
Sobre a evolução do tratamento, a equipe médica também comemora a possibilidade de replicar em pacientes com a mesma doença. “Há esperança. Até poucos anos atrás, quando se falava em terapia genética soava como ficção científica, mas o remédio foi criado e estamos tratando do Antonio”, conclui o oftalmologista.

163noticias.com.br com informações do G1

Foto: reprodução