As regiões produtoras de cacau no Pará, que mantêm a liderança nacional dessa cultura, estão recebendo atenção especial do governo estadual, através da Agência de Defesa Agropecuária do Estado do Pará (Adepará). O fortalecimento das ações, incluindo monitoramento de propriedades, detecção de pragas, vigilância do trânsito agropecuário e educação fitossanitária, torna-se decisivo para evitar a introdução da Monilíase, uma doença causada por fungo, facilmente disseminada e que pode impactar severamente a produção de cacau e cupuaçu.
Estudos comprovam que os danos provocados pela Monilíase incluem a podridão dos frutos de cacau e cupuaçu, bem como de outras espécies dos gêneros Theobroma e Herrania. O potencial de prejuízo na cultura do cacau e do cupuaçu é substancial, chegando a 70% a 100% da produção em propriedades desprovidas de controle da doença.
Apesar da Monilíase ainda não possuir o status fitossanitário de praga quarentenária presente no Brasil, a vigilância permanece rotineira, sendo a melhor alternativa para conter a entrada do fungo. Este trabalho é realizado em colaboração com o setor agrícola e as prefeituras de 38 municípios, especialmente aqueles ao longo da Transamazônica (Rodovia BR-230), no oeste do Pará, a principal região produtora.
Em 2023, os fiscais agropecuários da Adepará realizaram 809 inspeções e cadastraram 1.271 propriedades. No município de Medicilândia, o maior produtor de amêndoas do Estado, foram realizadas 68 inspeções. Para este ano, a meta é intensificar as ações e realizar 900 levantamentos de detecção.
De acordo com Lucionila Pimentel, diretora de Defesa e Inspeção Vegetal da Adepará, o monitoramento das propriedades garante que o Pará não registre casos da doença. Ela ressalta que a intensificação dessas atividades tem conscientizado os produtores sobre os impactos da doença, resultando no cadastramento de mais de 1.000 unidades produtivas na Adepará, o que possibilita uma resposta mais eficaz na prevenção.
Mesmo sem a praga presente no território paraense, Adepará e Secretaria Federal de Agricultura (SFA/PA), do Ministério da Agricultura e Pecuária (Mapa), desenvolveram o Plano Estadual de Prevenção, Supressão e Erradicação da Monilíase, seguindo as diretrizes da Portaria Mapa n° 467/2022. O objetivo é sensibilizar as comunidades para o risco que o fungo representa à economia do Estado, com ações fitossanitárias prioritárias durante os períodos de safra do cupuaçu e do cacau.
O plano inclui atividades educativas nas escolas, palestras, concursos e distribuição de material educativo, visando aumentar a conscientização sobre a prevenção da Monilíase. A Adepará está presente em todos os 144 municípios paraenses, oferecendo suporte e esclarecendo dúvidas através de sua Ouvidoria.
Com um volume anual de 152 mil toneladas de amêndoas de cacau, o Pará é o maior produtor nacional. A atividade gera cerca de 320 mil postos de trabalho, diretos e indiretos, em toda a cadeia produtiva. Além disso, o estado é o principal produtor nacional de cupuaçu, com prejuízos igualmente significativos caso a Monilíase afete suas regiões cacaueiras, resultando em perdas econômicas e sociais consideráveis.
A Monilíase representa uma ameaça séria à produção de cacau e cupuaçu no Pará, por isso, medidas preventivas e educativas continuam sendo priorizadas para proteger essas importantes culturas e o desenvolvimento regional do estado.