A campanha Fevereiro Laranja tem como objetivo sensibilizar a sociedade sobre a leucemia, promovendo a conscientização acerca do diagnóstico precoce e incentivando a doação de medula óssea. No período de 2020 a 2022, o Instituto Nacional de Câncer (Inca) projetou mais de 10 mil casos da doença no Brasil, sendo 5.920 em homens e 4.890 em mulheres.
O médico hematologista João Saraiva esclarece que as leucemias, geralmente, resultam de mutações genéticas, principalmente nas células da medula óssea, responsável pela produção de células sanguíneas. Embora a maioria dos casos ocorra de forma espontânea, existem condições predisponentes, como fatores hereditários ou exposição a substâncias nocivas no ambiente de trabalho.
“Alguns subtipos de leucemias têm origem hereditária, evidenciando forte predisposição familiar. Além disso, profissionais expostos a substâncias como o benzeno, presente na indústria petrolífera, ou que lidam diariamente com radiação ionizante, como técnicos de radiologia, requerem cuidados especiais para prevenir a doença“, destaca Saraiva.
Tipos de Leucemia
O médico destaca a existência de vários tipos de leucemia, sendo as principais classificadas como leucemias agudas e leucemias crônicas. No caso das leucemias crônicas, os dois subtipos predominantes são a leucemia linfocítica crônica e a leucemia mieloide crônica.
“As leucemias crônicas têm uma evolução mais prolongada, sendo tratadas com quimioterapia oral, permitindo acompanhamento ambulatorial. Em muitos casos, não é necessário internamento, alcançando a remissão da doença apenas com medicamentos via oral“, explica o hematologista.
Quanto às leucemias agudas, os sintomas variam entre a leucemia mieloide aguda, mais prevalente em torno dos 68 anos, e a leucemia linfoide aguda, com maior incidência em crianças, conforme ressalta João Saraiva.
“Sintomas mais significativos surgem nas leucemias agudas, relacionados a alterações na medula óssea, como fadiga e anemia, aumento do risco de infecções devido à imunidade baixa e maior propensão a sangramentos pela redução das plaquetas“, alerta Saraiva.
Os sintomas variam conforme o subtipo da leucemia, abrangendo fadiga, cansaço, palidez, infecções recorrentes, sangramentos cutâneos e nas mucosas. João Saraiva destaca ainda possíveis manifestações, como aumento do baço, desconforto abdominal e aumento dos gânglios linfáticos, dependendo do tipo específico da leucemia. A atenção para os sinais e a busca por diagnóstico precoce são fundamentais para o sucesso no tratamento da doença.
PREVENÇÃO
“É claro que ter hábitos de vida saudáveis, se alimentar com qualidade, praticar atividades físicas e não fumar, colabora e ajuda para que a pessoa não adquira essa mutação que leva à leucemia, mas não é uma medida preventiva direta. Então, o que a gente sempre recomenda para as pessoas que trabalham com materiais como benzeno ou expostos à radiação, que façam exames com regularidade e se protejam em seu ambiente de trabalho”, disse.
O hemograma é considerado o exame mais importante para a confirmação da suspeita de câncer. Nos casos positivos de leucemia, o resultado do hemograma apresenta alterações na contagem de plaquetas e valores dos glóbulos brancos e vermelhos.