O julgamento da 1ª turma do Supremo Tribunal Federal que tornou réu o ex-presidente Jair Bolsonaro dividiu opiniões na classe política em Brasília. Tão logo terminou a sessão do STF, aliados e opositores de Bolsonaro comentaram a decisão.

Após a entrevista coletiva do ex-presidente, o senador Izalci Lucas (PL-DF) lamentou o resultado do julgamento. “Infelizmente, esta decisão já era esperada, com essa formação da 1ª turma. Espero que, agora, os ministros avaliem o conteúdo, e não a capa. Vândalos devem ser penalizados e não o presidente Bolsonaro,” defendeu o senador.

Numa rede social, o líder da oposição no Senado, senador Rogério Marinho (PL- RN), afirmou que o recebimento da denúncia não causou surpresa. “Mais uma vez o devido processo legal não foi respeitado. Como alertado por vários advogados de defesa, eles não tiveram acesso à íntegra das provas. Ademais, uma prisão preventiva foi desvirtuada para extrair a delação do Coronel Cid, rejeitada pelo Ministério Público e base da denúncia. Não há justa causa para o seu recebimento”, escreveu.

“​Temos hoje no Brasil o mais importante processo penal de sua história, posto que, mesmo contaminado desde o seu início por ilegalidades, abuso de autoridade e pesca probatória, não há nenhuma prova que indique que Jair Bolsonaro tenha praticado qualquer dos crimes que lhe são imputados”, acrescentou Marinho.

Já o líder da oposição na Câmara, Coronel Zucco (PL-RS), postou o seguinte texto: “Uma notícia difícil para a direita brasileira! O nosso presidente Jair Bolsonaro agora é réu no STF. A acusação: uma suposta tentativa de golpe de Estado. Essa situação marca um momento delicado para seu legado e para milhões de brasileiros que o apoiam.”

Zucco acompanhou o julgamento na segunda-feira (25) e em entrevista aos jornalistas disse que os ministros do STF precisam provar que Bolsonaro é culpado e não ele que é inocente. Segundo Zucco, a oposição fará obstrução na Câmara como ação clara de repúdio ao julgamento.

Opositores elogiam

Na saída do STF, o deputado Rogério Correia (PT-MG), que acompanhou o julgamento, afirmou que Bolsonaro e este núcleo (também denunciado) sempre trabalharam para instalar um regime autoritário no Brasil. “É preciso ter vigilância. Foi muito importante o dia de hoje e nós precisamos segurar no Congresso Nacional qualquer ação que possa desestabilizar o julgamento que precisa ser feito em nome da democracia”, disse ele.

O deputado espera pela condenação e diz que acredita que existam provas para isso. “Espero que ele seja condenado. As provas que já existem são suficientes, e, provavelmente, mas vão aparecer mais. Bolsonaro tem que fazer sua defesa e depois cumprir a pena pelo crime que cometeu, que foi a tentativa de golpe”, acrescentou.

A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffman, se manifestou nas redes sociais e destacou a legalidade da decisão. Ela escreveu: “É muito significativo que esta decisão tenha sido tomada à luz dos fatos apresentados na denuncia da PGR, no curso do devido processo leal, com garantia ampla do direito de defesa dos acusados. Tudo transcorrido no estado democrático de direito que os réus tentaram abolir.”

O senador Marcelo Castro (MDB-PI) também postou uma manifestação a favor da decisão do STF. “Todos sabemos que houve uma tentativa de golpe no Brasil. Os mandantes e os financiadores têm que responder com os rigores da lei. A decisão do STF de tornar réus Bolsonaro e seu grupo é mais do que correta. A democracia é um patrimônio que conquistamos a duras penas”, afirmou.