Nesta quarta-feira (20), durante uma reunião no auditório da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa), foi discutida a criação de uma rede integrada por instituições governamentais e associações visando à prevenção e ao combate da doença de Chagas, especialmente no contexto da produção e comercialização do açaí. O encontro contou com a participação de representantes da Secretaria de Estado de Desenvolvimento Agropecuário e da Pesca (Sedap), por meio da Diretoria de Feiras e Mercados (DFM), que colaboraram na definição de estratégias e ações para combater a contaminação do fruto pelo Trypanosoma cruzi, o protozoário causador da doença.
Esta reunião é um desdobramento das discussões realizadas em fevereiro deste ano, atendendo a uma solicitação do Ministério Público do Estado do Pará (MPE), através do Núcleo de Defesa do Consumidor (Nucon). Além da Sedap e do MPE, estiveram presentes representantes das Vigilâncias Sanitárias do Estado e do Município de Belém, Casa do Açaí do Município, Sespa, Secretaria de Estado de Educação (Seduc), Agência de Defesa Agropecuária do Pará (Adepará), Secretaria Municipal de Saúde (Sesma), Secretaria Municipal de Economia (Secon), Instituto Ver-o-Peso e Serviço de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae-PA).
Éder Monteiro, coordenador estadual de Doença de Chagas da Sespa, destacou a importância da realização de campanhas educativas e da adoção de práticas adequadas na comercialização do açaí, incluindo o uso de branqueador. Ele apresentou um panorama da situação da doença no Pará, fornecendo dados estatísticos e informações sobre as formas de contaminação, além de destacar as ações já em andamento para prevenir a doença.
A promotora do MPE, Érica Sousa, que lidera o Nucon, ressaltou a necessidade de instituições trabalharem juntas na sensibilização da população, com foco especial no açaí. Ela mencionou o exemplo do município de Cametá, no Baixo Tocantins, que registrou o maior número de casos de doença de Chagas no ano passado e onde foi realizada uma ação bem-sucedida envolvendo o MPE, a Sespa e a Vigilância Sanitária, com participação significativa da comunidade.
Dorileia Pantoja Sales, coordenadora do Departamento Estadual de Vigilância Sanitária (DEVS/Sespa), enfatizou as normas estabelecidas pelo Decreto Estadual nº 326/2012, que aborda as boas práticas na manipulação do açaí. Ela também mencionou o Programa Estadual de Melhoria da Qualidade do Açaí, que visa introduzir práticas adequadas em toda a cadeia produtiva.
Em relação aos investimentos, Walmour Rodrigues, assessor Técnico da DFM, informou que o governo do Estado, através da Sedap, já forneceu equipamentos para mais de 2 mil batedores de açaí, incluindo branqueadores, mesas de seleção, cestos, filtros e basquetas. Ele enfatizou a importância da criação da Diretoria de Feiras e Mercados, que tem uma coordenação dedicada exclusivamente ao açaí, e mencionou os planos de expandir o programa de qualificação dos batedores para outras regiões além da Região Metropolitana de Belém.