Dias depois da derrota do Partido Republicano em eleições municipais e estaduais, Donald Trump passou a indicar que tomaria providências para conter preços de alimentos. Foi o que fez na sexta-feira (14), ao afrouxar o tarifaço imposto sobre importações de carne bovina, tomate, café e banana.
A maioria dos americanos se queixa do custo de vida, perde confiança na economia e votou no Partido Democrata. No final do próximo ano, Trump pode perder a maioria no Congresso, nas eleições de meio de mandato.
A avaliação do republicano é a mais baixa desde que chegou à Casa Branca. Hoje, 41,4% dos americanos aprovam seu governo, ante 54,8% que o desaprovam. Na posse, ele tinha um saldo favorável de 51,6% a 40%, segundo a média das pesquisas calculada pelo Silver Bulletin. A insatisfação é mais alta nos quesitos inflação (61,7%) e economia (58,2%).
O reputado índice de confiança do consumidor da Universidade Michigan caiu para 50,3 pontos neste novembro, ante 71,8 pontos no mesmo mês de 2024. É um nível quase tão baixo quanto o do pico inflacionário de 2022 e um dos piores em quase 50 anos.
Os efeitos da paralisação do governo —o shutdown recorde de 43 dias motivado por impasses orçamentários— também contribuíram para o desgaste, ao prejudicar pagamentos de salários de servidores e benefícios sociais, entre outros problemas.
A inflação está na casa de 3% ao ano. No caso da comida, são 3,1%, com picos no café (18,9%) e na carne bovina (14,7%). Mas os preços permanecem em patamar desconfortável desde o final da pandemia. Aluguel, saúde e serviços de utilidade pública geram queixas e debate eleitoral.
Desfazer parte do tarifaço tende a aliviar a carestia, em movimento que pode favorecer o Brasil. Quanto à economia americana, o resultado é mais incerto.
A atividade deve desacelerar neste ano e no próximo, em parte pela incerteza provocada por Trump. Setores produtivos seguem caminhos díspares.
O investimento em inteligência artificial e áreas relacionados cresce, assim como o ânimo das Bolsas de Valores com tais empresas —o que, por sua vez, estimula o consumo do quinto mais rico da população. Já os estratos pobres têm hoje maior dificuldade de encontrar empregos.
Mesmo sem uma crise mais grave, o republicano experimenta as consequências de seu populismo desvairado antes de completar o primeiro ano do mandato. A ver se corrigirá erros, se dobrará a aposta ou se será contido por perda de apoio político.
Fonte: Folha de S. Paulo