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Ruanda e Bélgica rompem relações diplomáticas – 17/03/2025 – Mundo

O governo de Ruanda anunciou nesta segunda-feira (17) a ruptura das relações diplomáticas com a Bélgica —de quem foi colônia até 1962— em resposta a sanções adotadas pela União Europeia contra chefes militares ruandeses.

Em um comunicado, o Ministério das Relações Exteriores do país africano indicou ter “notificado durante o dia o governo da Bélgica sobre a decisão de romper as relações diplomáticas, com efeito imediato”. Em resposta, o chefe da diplomacia belga, Maxime Prévot, disse no X que a decisão é desproporcional. “Mostra que quando não estamos de acordo, Ruanda prefere não dialogar”. A Bélgica, acrescentou, tomará medidas similares.

Mais cedo, nesta segunda, pressionada pela Bélgica, a UE adotou sanções contra vários altos funcionários militares de Ruanda pelo apoio à ofensiva do grupo rebelde M23 na vizinha República Democrática do Congo (RDC).

Entre os alvos das medidas estão o general Eugene Nkubito, comandante da 3ª Divisão das Forças de Defesa de Ruanda; o brigadeiro Pascal Muhzi, chefe da 2ª Divisão; e o general Ruki Karuisi, comandante das Forças Especiais. De acordo com a UE, a presença militar de Ruanda proporcionou “tropas e material” aos combatentes do grupo M23 no território da RDC.

Também foi incluído nas listas de sancionados o presidente do Diretório de Minas, Petróleo e Gás de Ruanda, Francis Kamanzi. Essas sanções vetam a concessão de vistos a essas pessoas e o congelamento dos eventuais ativos que possuam na UE.

A decisão se dá em um contexto em que os rebeldes do M23 abandonaram as negociações de paz com o governo da RDC. A aliança rebelde, da qual o grupo é membro, disse que estava se retirando do que poderia ter sido a primeira negociação direta entre os dois lados também devido às sanções impostas.

A Aliança do Rio Congo disse em um comunicado que as ações da UE tinham como objetivo “obstruir as tão esperadas negociações”. O M23 há muito exige negociações diretas com o governo de Kinshasa, mas o presidente da RDC, Felix Tshisekedi, recusou, argumentando que o M23 é apenas uma fachada para Ruanda.

O líder mudou de posição no domingo e concordou em enviar uma delegação a Luanda em resposta a uma série de contratempos no campo de batalha e à pressão de seu aliado Angola. Tina Salama, porta-voz de Tshisekedi, disse após a retirada do M23 que a delegação do governo viajaria para a capital angolana de qualquer maneira. “Confirmamos nossa participação a convite dos mediadores”, disse ela à agência de notícias Reuters.

O conflito, que tem origem nas consequências do genocídio de Ruanda em 1994 e na competição por riquezas minerais, tem se agravado rapidamente desde janeiro. Os combatentes do M23 capturaram as duas maiores cidades do leste da RDC, com milhares de pessoas mortas e centenas de milhares forçadas a deixar suas casas.

As Nações Unidas e as potências internacionais acusam Ruanda de fornecer armas e enviar soldados para lutar com o M23 liderado pela etnia tutsi. Ruanda diz que suas forças estão agindo em legítima defesa contra o exército da RDC e as milícias hostis a Kigali.

Fonte: Folha de S. Paulo