A Polícia Federal e o IBAMA (Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis) uniram esforços na manhã desta quarta-feira (08) para dar início à segunda fase da Operação Hermes, visando reprimir o comércio e o uso ilegal do mercúrio nos abastecimentos de garimpos. A ação abrange diversas cidades de Mato Grosso, onde estão sendo cumpridos mandados de busca e apreensão, incluindo Cuiabá, Poconé, Peixoto de Azevedo, Cáceres, Alta Floresta, Pontes e Lacerda, Nossa Senhora do Livramento e Nova Lacerda.
A investigação revelou que os suspeitos utilizavam táticas como o emprego de interpostas pessoas, conhecidas como “laranjas”, para ocultar os verdadeiros responsáveis pelas operações comerciais e financeiras, bem como os legítimos proprietários de bens, direitos e valores, incluindo empresas fantasma.
Além das buscas, a Justiça determinou a imposição de fianças no valor de duzentos salários mínimos e o sequestro e a indisponibilidade de bens dos investigados, somando mais de 2,9 bilhões de reais, com o objetivo de reparar os danos causados. A operação também engloba a fiscalização realizada pelo IBAMA, que tem o poder de aplicar multas, suspender atividades e embargar áreas de mineração, além de investigar as condutas de pessoas físicas e jurídicas envolvidas na importação e comércio de mercúrio, reciclagem de resíduos e exploração de ouro.
Os investigados responderão pelas infrações relacionadas a crimes ambientais e contra a administração ambiental, falsidade ideológica, uso de documento falso, contrabando, associação criminosa, receptação, perigo para a vida ou saúde de outrem, organização criminosa, usurpação de bens da União e ocultação de bens, conforme previsto na Lei nº 9.605/98.
Todo o material probatório e os bens apreendidos serão encaminhados para a Delegacia de Polícia Federal em Campinas para análises adicionais.
A Operação Hermes (Hg) I, que teve início em 1º de dezembro de 2022, foi a maior operação policial já realizada no Brasil para desarticular o uso ilegal de mercúrio. A investigação teve origem a partir do rastreamento de uma empresa localizada em Paulínia, no interior do estado de São Paulo, que estava aproveitando indevidamente suas atividades autorizadas para produzir créditos falsos de mercúrio no sistema do IBAMA.
Ao longo de mais de 10 meses de análises de milhares de documentos e dispositivos eletrônicos, a Polícia Federal identificou uma extensa rede de pessoas físicas e jurídicas envolvidas em um esquema ilegal de comércio de mercúrio e ouro provenientes de garimpos na Amazônia. Como resultado, foram retiradas 7 toneladas de créditos de mercúrio dos sistemas do IBAMA, representando um golpe significativo contra essa atividade ilegal.