A disputa comercial entre os Estados Unidos e seus principais parceiros ganhou um novo capítulo com o anúncio do presidente Donald Trump sobre o aumento das tarifas alfandegárias. O republicano elevou para 20% as taxas sobre produtos chineses e reativou a imposição de tarifas sobre México e Canadá, que entrarão em vigor nesta terça-feira (4). Caso um acordo não seja alcançado, as exportações desses países enfrentarão taxas de 25%, com exceção dos produtos energéticos canadenses, que terão uma taxa reduzida.
Trump justificou a decisão alegando que não há espaço para negociações, citando preocupações com a migração e o tráfico de drogas nos Estados Unidos. Ele havia suspendido temporariamente as tarifas em fevereiro para buscar soluções, mas agora reafirmou sua posição.
Impacto no México e no Canadá
México e Canadá, membros do Acordo T-MEC (Tratado entre México, Estados Unidos e Canadá), buscaram atender às exigências do governo americano, mas as ações não foram suficientes para evitar as penalidades comerciais. As tarifas afetarão negócios no valor de aproximadamente 918 bilhões de dólares (5,36 trilhões de reais).
A presidente do México, Claudia Sheinbaum, garantiu que seu governo está preparado para reagir. “Qualquer que seja a decisão, temos um plano”, afirmou. Na tentativa de evitar sanções, o México entregou alguns dos narcotraficantes mais procurados pelos EUA e reforçou a segurança na fronteira.
Já o Canadá classificou a medida como uma “ameaça existencial”, segundo a chanceler Mélanie Joly, ressaltando que milhares de empregos estão em risco. O primeiro-ministro Justin Trudeau alertou que, caso as tarifas entrem em vigor, o Canadá retaliará imediatamente com tarifas de 25% sobre 155 bilhões de dólares (906 bilhões de reais) em produtos americanos.
Embora os EUA acusem o Canadá de não combater o tráfico de fentanil e a imigração irregular, o governo canadense argumenta que menos de 1% das substâncias ilícitas e dos imigrantes que chegam aos EUA passam pela sua fronteira.
China Responde às Tarifas dos EUA
A China não demorou a reagir às novas tarifas americanas, elevadas de 10% para 20%. Pequim anunciou que retaliará impondo tarifas adicionais de 10% e 15% sobre alimentos americanos, incluindo soja, trigo e frango.
O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores da China, Lin Jian, foi direto ao afirmar que seu país não recuará diante das medidas de Trump. “Se os Estados Unidos insistirem em intensificar essa guerra tarifária, estaremos prontos para lutar até o fim”, declarou.
O governo americano, por sua vez, acusa a China de falhar no combate ao tráfico de fentanil, uma droga sintética que causa milhares de mortes por overdose nos Estados Unidos.
Repercussões Globais e Alta de Preços
A União Europeia também se manifestou, alertando que as tarifas impostas aos parceiros do T-MEC representam “um risco às cadeias globais de suprimentos e à estabilidade econômica”. O porta-voz da UE, Olof Gill, pediu que os EUA busquem uma solução baseada em regras que beneficiem todas as partes, condenando políticas protecionistas.
O impacto das tarifas já está sendo sentido pelo setor industrial e pode atingir os consumidores. Empresas do setor químico, de transporte, máquinas, eletrodomésticos e alimentício relatam aumento nos preços, atrasos em pedidos e dificuldades no abastecimento. Isso pode complicar as promessas de Trump de reduzir a inflação, tornando o cenário econômico ainda mais desafiador.
A escalada na guerra comercial coloca em xeque as relações entre os EUA e seus parceiros globais, com possíveis consequências de longo prazo para o comércio internacional e a economia mundial.
Com informações de O Liberal