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Estaria Xi Jinping prestes a visitar Washington? Se depender de Donald Trump, a resposta é sim. O republicano disse na segunda (17) que o líder chinês provavelmente desembarcaria nos Estados Unidos em “um futuro não tão distante”.
A fala só reforça rumores de que o presidente dos EUA estaria trabalhando nos bastidores para receber o homólogo chinês. Fontes de ambos os lados dizem que há discussões preliminares para uma “cúpula de aniversário” em junho (os dois líderes completam idade naquele mês —Trump no dia 14, e Xi no dia 15).
- A última ida de Xi aos EUA foi em novembro de 2023, quando desembarcou em São Francisco para o Fórum de Cooperação Econômica Ásia-Pacífico.
É pouco provável, porém, que algo deste calibre aconteça a menos que os dois países tenham resultados concretos para anunciar.
Trump convidou Xi para sua posse, algo inédito para Washington, que usualmente não recebe líderes estrangeiros nas cerimônias de inauguração presidencial. O chinês enviou o vice-presidente, Han Zheng, para representá-lo.
Segundo o Financial Times, um encontro poderia servir para anunciar um acordo comercial aliviando as tarifas impostas pelo presidente norte-americano. Contudo, nem mesmo negociações a nível ministerial teriam começado, o que torna uma visita em junho improvável.
Por que importa: se houver confirmação de uma visita, isso provavelmente significaria a anuência da China à compra de cotas de commodities americanas (especialmente a soja) em troca de alívio nas tarifas.
A medida teria impacto direto no Brasil, que historicamente foi o principal beneficiário do aumento na demanda chinesa por produtos agrícolas resultante da guerra comercial entre EUA e China.
Pare para ver
“Carta de amor”, charge do ativista expatriado chinês Badiucao que ironiza o convite de Donald Trump para que Xi fosse na sua cerimônia de posse. Conheça mais sobre o trabalho de Badiucao (incluindo sua nova graphic novel) aqui (em inglês).
O que também importa
Moradores de Melbourne receberam cartas anônimas oferecendo uma recompensa de 200 mil dólares australianos (R$ 735 mil) por informações sobre Kevin Yam, um advogado e ativista pró-democracia acusado de crimes contra a segurança nacional em Hong Kong. A correspondência, enviada do território especial chinês e distribuída por vários bairros, trazia a foto do ativista e detalhes sobre seus supostos delitos. Yam reside na Austrália e é conhecido por ter se oposto à repressão policial contra manifestantes que protestavam contra a lei de extradição em Hong Kong em 2019. A chancelaria australiana classificou a carta como “inaceitável” e disse que questionará autoridades da China e de Hong Kong sobre o documento.
Um contingente atípico de navios, aviões e drones militares chineses entrou no espaço aéreo e nas águas próximas a Taiwan entre domingo (16) e segunda (17), informou o Ministério da Defesa taiwanês. Das 59 unidades registradas, 43 penetraram na zona de identificação de defesa aérea sem confronto direto, enquanto a ilha mobilizou aeronaves, navios e sistemas de mísseis. Pequim justificou os exercícios como resposta a declarações e ações dos EUA e de Taiwan que estariam estimulando o separatismo. No fim de semana, o líder da ilha, Lai Ching-te, chamou a China de uma “força estrangeira hostil”, o que irritou Pequim.
Após quase dois anos preso, um editor de livros foi condenado em Xangai por vocalizar apoio pela independência de Taiwan. Li Yanhe, um taiwanês que também é conhecido pelo pseudônimo Fu Cha, publicava obras críticas ao governo comunista. Ele foi julgado e sentenciado no dia 17 de fevereiro pelo Tribunal Intermediário de Xangai. A condenação só se tornou pública após uma reportagem publicada pela Agência Central de Notícias de Taiwan. Ainda não se sabe qual será sua pena.
Fique de olho
O varejo chinês registrou avanços em janeiro e fevereiro, reflexo dos esforços para estimular o consumo interno em meio a pressões tarifárias e a alta do desemprego.
Segundo o Escritório Nacional de Estatística da China (espécie de IBGE local), as vendas no varejo avançaram 4,0% nestes dois meses, impulsionadas pelo consumo do Ano Novo Lunar.
Porém, nem tudo são flores:
- A taxa de desemprego urbano chegou a 5,4% em fevereiro, o nível mais alto em dois anos;
- Os investimentos fixos subiram 4,1%, mas o setor imobiliário recuou 9,8% no mesmo período.
Por que importa: reativar o consumo interno é crucial para sustentar o crescimento da China em meio a tensões comerciais. A melhora, embora tímida, é uma notícia boa, já que impacta cadeias globais e mercados como o brasileiro, que podem sentir alterações na demanda por commodities e na estabilidade dos investimentos.
Para ir a fundo
O escritório da Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos abriu seleção para uma vaga no seu escritório em Xangai. O escolhido vai ser contratado como analista de comércio exterior, apoiando a equipe em atividades como controle de fluxo de caixa, administração de contratos e execução de projetos. Interessados podem ler mais aqui. (gratuito, em português)
A Universidade de São Paulo inaugura nesta sexta (21) o Centro USP-China, que visa promover a cooperação entre a instituição e parceiros chineses. O evento acontecerá das 9h às 12h na Avenida Prof. Lúcio Martins Rodrigues, 370, no prédio INOVA na Cidade Universitária. Interessados devem se inscrever aqui. (gratuito, em português)